Indústria de nutrição vegetal avança após marco dos bioinsumos
Por Clorialdo Roberto Levrero, presidente do Conselho Deliberativo da Abisolo
Desde que começaram a surgir os primeiros relatos de plantas daninhas resistentes ao glifosato em 1996, o número de casos de resistência a este herbicida aumentou consideravelmente no mundo, abrangendo 45 espécies diferentes, sendo 25 espécies de folha larga e 20 espécies de folha estreita.
No Brasil, devido a introdução do sistema de plantio direto e das culturas resistentes ao glifosato, o manejo das plantas daninhas ou a ser realizado basicamente com este herbicida. Logo, foram selecionadas oito espécies de plantas daninhas resistentes, com quatro espécies de folha estreita e quatro de folha larga (Heap, 2019).
Dentre as plantas daninhas resistentes, se destacam o capim-amargoso (Digitaria insularis), o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) e a buva (Conyza spp.) que apresentam alta adaptabilidade nas regiões agrícolas do país, gerando perdas de produtividade das culturas e elevados custos de produção. Em Circular Técnica divulgada pela Embrapa, avaliando o impacto econômico da resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil, estimou-se que, o custo médio para o manejo no sistema de produção de soja é de quase R$ 5 bilhões de reais por ano, sem considerar as perdas da cultura pela matocompetição, que pode aumentar as perdas para R$ 9 bilhões anualmente.
Em relação ao controle de gramíneas, como o capim-amargoso resistente, as despesas para o produtor rural com o manejo podem ser de até 2,6 vezes superiores em relação à uma área sem a presença desta planta daninha.
O alto custo de manejo das gramíneas resistentes ao glifosato acontece devido às poucas opções de herbicidas disponíveis para controle em pós-emergência e à necessidade de aplicações sequenciais. Atualmente, as opções de restringem a cinco mecanismos de ação para aplicações em pós-emergência: inibidores da EPSPs (glifosato), inibidores da ACCase (DIMs e FOPs), inibidores do fotossistema I (paraquat, diquat), inibidores da glutamina sintetase (amônio-glufosinato) e inibidores da síntese de carotenoides (clomazone, por exemplo). Em situações com resistência ao glifosato, geralmente, os inibidores da ACCase são os mais utilizados para o controle.
Contudo, com a resistência múltipla do pé-de-galinha e do azevém ao glifosato e aos inibidores da ACCase, as opções ficaram ainda mais restritas, aumentando a necessidade de empregar herbicidas pré-emergentes para diminuir a pressão de seleção de plantas daninhas resistentes aos herbicidas aplicados em pós-emergência.
Outro benefício dos herbicidas pré-emergentes é prevenir a infestação inicial, visto que, para preservar o potencial produtivo da soja, a cultura deve estar livre de plantas daninhas desde o início do ciclo (Constantin et al., 2007). Geralmente os herbicidas proporcionam efeito residual significativo por pelo menos 20 dias após a aplicação, reduzindo significativamente a emergência das plantas daninhas durante a fase vegetativa da cultura.
No mercado brasileiro são registrados 23 herbicidas para o controle de gramíneas com resistência ao glifosato (azevém, capim-amargoso e capim-pé-de-galinha). Todavia, somente sete herbicidas apresentam seletividade para a soja, podendo ser utilizados em aplicação de pré-emergência.
Dentre os herbicidas descritos acima, destacam-se os inibidores do crescimento inicial (S-metolachlor), inibidores da ALS (imazethapyr e diclosulam), inibidor da síntese de carotenoides (clomazone) e inibidor da formação de microtúbulos (trifluralin), os quais apresentam alta eficiência no controle de gramíneas. No entanto, para o controle de folhas largas, cada herbicida apresenta sua peculiaridade. Um exemplo é o S-metolachlor, que, além de apresentar seletividade para as culturas registradas, proporciona controle para gramíneas e algumas outras espécies como trapoeraba (Comellina benghalensis) e erva-quente (Spermacoce latifolia).
Em experimento visando a avaliação da eficiência de herbicidas pré-emergentes aplicados na pré-semeadura da soja, ficou evidente que o uso de qualquer um dos herbicidas avaliados reduziu significativamente a densidade de plantas de capim-amargoso por metro quadrado (Figura 1).
Nos tratamentos compostos por Dual Gold (S-metolachlor) e Premerlin (pendimethalin) não ocorreram fluxos de infestação até os dez dias após a emergência da soja. Em relação a produtividade, o manejo adotado com aplicação anterior a semeadura, com uso dos herbicidas pré-emergentes, seguido da aplicação em pós-emergência na cultura preservou o potencial produtivo, sem perdas na produtividade. Caso não seja realizado o manejo do capim-amargoso, as perdas de produtividade podem exceder 80%, sendo imprescindível adotar estratégias que minimizem a matocompetição.
Geralmente se realiza a aplicação de pós-emergência na cultura da soja nos estádios de V3 a V5, dependendo da espécie, estádio fenológico e nível de infestação da planta daninha. No exemplo apresentado na Figura 2, a soja encontrava-se no estádio de V3-V4 (21 DAE), momento ideal para o controle das plantas daninhas na situação (B), quando as mesmas estão jovens e apresentam baixa infestação.
Além disto, a espécie presente na área não apresenta resistência ao glifosato, o que facilita o manejo e diminui os custos de aplicação. Por outro lado, na situação (A), onde não foi realizado a aplicação de pré-emergente, há uma significativa infestação de plantas daninhas, sendo que a principal infestação é de capim-amargoso resistente ao glifosato. Nesta situação o manejo é muito difícil, visto que é necessário utilizar aplicações sequenciais de graminicidas. Ainda, em função da planta daninha estar em estádio fenológico avançado, ocorre sombreamento na cultura, resultando em matointerferência e, consequentemente, em redução de produtividade.
Desta forma adotar um manejo de plantas daninhas que utiliza herbicidas pré-emergentes facilita o manejo das plantas daninhas que emergiriam durante o desenvolvimento da cultura, apresentando diversos beneficios como:
(a) redução da matocompetição inicial de plantas daninhas;
(b) controla das plantas daninhas resistentes ao glifosato, ainda no estádio inicial;
(c) baixa infestação de plantas daninhas no momento da aplicação em pós-emergência;
(d) prevenção da seleção de biótipos resistentes a herbicidas;
(e) redução do custo de manejo das plantas daninhas, mediante a não aplicação de herbicidas onerosos;
(f) redução do banco de sementes no solo.
Por Fellipe Goulart Machado, Lucas Matheus Padovese, João Vitor Scarlon Martoneto, Rubem Silvério de Oliveira Jr. (Núcleo de Estudos Avançados em Ciência das Plantas Daninhas, UEM)
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